SÓ PRA VOCÊ

SÓ PRA VOCÊ

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Inferno Astral, meu CÉU

Sinto uma energia que não é minha; um desconforto que não me pertence; um aperto no peito que não me intimida; um nó na garganta que não vou engolir. É batata!!! O inferno astral chegou, e eu vou recebê-lo pela porta da frente. Afinal, toda vez que ele vem, o céu está logo ali, mais perto do que nunca. Desta vez, o momento me fez grávida de mim mesma; mergulhada nas minhas lembranças, nas minhas experiências, nos meus sonhos. Se alguém perguntar por mim, diga que eu sumi, virei semente dentro de mim, FUI...Só vou voltar quando estiver pronta para renascer, novinha em folha, mesmo que seja aos 50.

(Final de fevereiro de 2008, um mês antes de completar 50 anos, na casa de Canasvieiras, em Floripa)

domingo, 3 de julho de 2011

Um ontem que já foi hoje

Hoje, 16 de agosto, fim de etapa, página virada. Eu permito deixar ir experiências passadas, erradas ou certas, felizes ou infelizes, boas ou ruins. Eu permito enterrar cenários, pessoas, lembranças. Eu, daquele tempo, fiquei no tempo, por isso acabei. Eu, na eternidade, sou daqui pra daqui, um passo por vez. E, agora, estou eternamente me movendo nesta cama macia e gostosa que me convida não sei pra que: sonhos reais ou realidades sonhadas? Não sei. Também, pra que saber? Já basta SER. Estou bem.

Energias de luz me rondam, me sondam, me envolvem. Eu me pus no rumo para o que fui planejada. Que meus dons sejam úteis, descobertos, aproveitados pela Existência. Estou pronta, aberta, receptiva, querendo, à espera. VENHAM.

(Escrito em 2010, durante um dos muitos períodos de recolhimento, reconhecimento e reconstrução de mim mesma, na casa-jardim onde eu moro nos Ingleses, em Florianópolis-SC)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Bendita seja a morte!

A MORTE nos ensina a viver. Bendita seja ela para dispensar velhos hábitos, despertar novos valores, rever conceitos, abrir horizontes. HORIZONTES azuis com entardeceres rodeados de estrelas e sob a regência da lua. LUA em movimento, crescendo, minguando, enchendo, renovando. RENOVANDO com amanheceres rodeados de pássaros à procura de flores, folhas, céu e terra. CÉU para voar e ser livre e TERRA para enraizar e renascer. RENASCER para morrer a cada dia mais despertos, mais conscientes, mais felizes. Aceitar a morte é dar uma chance para a vida. VIVER intensamente, VIVER inteiramente, VIVER verdadeiramente...até não perceber onde termina a vida e começa a morte, nem onde termina a morte e começa a vida.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bons momentos valem ouro

Foi exatamente assim que senti quando tomei a decisão de vender um bracelete de ouro, belíssimo, que a minha mãe havia me presenteado quando completei 15 anos e que tinha sido dela em sua juventude. Eu estava separada do meu marido, pai dos meus filhos, e, também, do meu segundo companheiro, e a primeira providência tomada foi sair da minha casa, alugá-la e, com o dinheiro do aluguel, alugar um apartamento para mim e meus filhos. Tudo bem, tudo certo. Mas, o que eu recebia no Jornal não dava para continuar bancando os nossos sábados de pizza, com todos ao redor, falando de tudo ao mesmo tempo, comendo de boca cheia, separando as beiradas para a Duda, que mesmo sendo cachorra era membro da família com todos os direitos e mais um pouco. É claro que não pensei...AGI. Não consigo aceitar que um bracelete de ouro, cravejado de passado e mais guardado do que na ativa, possa ser mais valioso do que um presente, VIVO, pulsando, vibrante, feliz. Não deu outra: aquela pulseira garantiu muitos e muitos e muitos sábados de pizza. Minha mãe nunca soube disso, é claro, mas, depois que se foi deste Planeta, com certeza, ficou sabendo, e deve ter dado risada.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Viagem Cósmica

Minha alma peregrina
De tantos corpos, tantos mares, tantos ares
Não te contentes em ser pequenina
Cresce além do tempo, além do espaço, além do cansaço
Encontra a eternidade da tua essência, da tua verdade, da tua divindade
Vieste, sim, mais uma vez, mas, vê se - desta vez - te percebe perdida e te acha nas profundezas do teu ser, e te conduz às alturas do teu esplendor, sem mais nascer, sem mais morrer, apenas dissolver no infinito...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O AMOR

Assisto, aos homens e às mulheres, no cotidiano de suas vidas, empenhados em enfrentar a vida, vencer na vida, ser alguém importante.
Fico a me perguntar:
- Enfrentar o que? Vencer de que jeito? Ser importante pra que?
Pra começar, a gente só enfrenta inimigo, e a vida não é senão uma grande amiga que, como um espelho, reflete exatamente o que estamos apresentando a ela. Quanto a vencer, se temos que vencer alguma coisa, que sejam apenas os nossos medos, traumas, culpas, frustrações, aquilo que pesa em nossa bagagem e compromete nossos passos pelo caminho da Existência. E importantes já somos todos nós apenas pelo simples fato de nascermos neste Planeta. Dizem os estudiosos que o desafio maior dos extraterrestres é descobrir, entender, dominar o AMOR, essa energia que nenhuma tecnologia consegue aplicar num sistema lógico, padrão, em série. O AMOR, esse sentimento louco e mágico que nos faz sorrir, chorar, cantar, dançar, pintar, escrever versos, abraçar, beijar, celebrar a vida a partir das mínimas coisas. Portanto, pra mim, não há ser mais evoluído no Universo do que aquele que sabe amar, do que aquele que cuida e defende o AMOR até que alcance as alturas e as profundezas do seu enorme poder e potencial: fazer pleno e feliz a si próprio e a todos que estão ao seu redor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Faxina geral

Vassoura em punho e ao som de Mozart, vou tirando, alegremente e em tons maiores, o pó da casa e, também, o meu. Logo vejo renascer - do lixo de lembranças distorcidas, preocupações descabidas, desejos reprimidos - a minha bailarina. Tão criança! Tão aberta para a vida! Tão cheia de vazio! Tão inteira no presente! Dançar ao som da vitrola da minha casa era toda a minha vida. A minha mente não era necessária. Não fazia planos. Apenas era, existia, dançava, vivia. Agora, aqui, intensamente presente, na faxina de roupas, louças, pisos e coisas, percebo a faxina, também, em mim mesma. Descubro, então, que o tempo não passou. Quando nos movemos no presente provamos o sabor da eternidade. E o mundo inteiro é nosso, e nós somos inteiramente do mundo. Quando abrimos o coração para o mistério de viver tudo faz sentido sem explicação. E viva o meu jardim, folhas secas no chão, cocô das minhas meninas de rabo, o canto dos pássaros, flores abrindo, frutas caindo! E viva eu, viva tudo, viva o Chico Barrigudo!!!

sábado, 14 de maio de 2011

As flores e eu

Eu tinha um vasinho de porcelana chinesa muito lindo e que ficava a enfeitar o balcão da Hippie Chique, uma loja que tive de coisas místicas, roupas indianas e artesanato de feira hippie. Uma senhora que eu amo muito e que também me ama, ao ver aquele vasinho sempre vazio, passou a me trazer - depois de suas caminhadas matinais - uma florzinha brejeira que ela achava pelo caminho. Foi a forma mais carinhosa e bonita que ela encontrou de me dizer "bom dia" e de valorizar aquele vasinho. E eu recebia a mensagem com muita gratidão. Mas, algo me incomodava muito ao sentir que, por minha causa, todo dia, uma florzinha tinha o seu processo interrompido. Chegava até a imaginar que elas, bailando ao vento e se deliciando com o sol, ao perceber que aquela senhora estava se aproximando, pudessem se estremecer de medo e até pensassem: quem será de nós que vai morrer primeiro, hoje? Me dava uma peninha da escolhida! Enquanto as outras continuavam em seu habitat natural, felizes da vida, estaria aquela, naquele vasinho limitado, antecipando o fim. Foi, então, que resolvi o problema: deixei cair "sem querer" o vasinho. Ele se partiu em pedacinhos impossíveis de colar, mas deixou de ser, para sempre, o motivo da tristeza de tantas florzinhas. E, assim, tudo ficou bem, pois o "bom dia" da senhora amada continuou com o que vale mais, que é o sorriso, o beijo ou o abraço. E as flores me agradeceram por telepatia, dizendo: valeu!!!

sábado, 23 de abril de 2011

Contraste

DEU sorte. Caminhos se abriram. Deuses conspiraram a favor. Pessoas deram boas vindas. O destino nos reservou um pedacinho do céu, um pedacinho do mar, num pedacinho de Jurerê. As flores do nosso jardim vêm com beija-flores a bailar. As poças da chuva do nosso quintal vêm com canários a brincar. Cada cantinho da nossa casa vem com os nossos olhos a se encantar e agradecer. Tamanha é a nossa felicidade. Tamanha é a nossa vontade de fazer feliz a vida. Um gato preto passou por aqui, me olhou, miou e me aceitou.

TAL cenário foi perfeito para a experiência da morte, afiada, sofrida. O inverno chegou e as flores se foram. Os canários e os beija-flores, também. Minhas cachorras mataram o gato. A casa do Jurerê foi-se como fim de temporada, quando portas se fecham e andorinhas partem em busca de boa estação. Mas, a magia continuou. Em coração abastecido de vida não entra solidão. Tudo é lindo, é processo, é aprendizado. Tudo vai voltar e, de novo, passar. A vida é assim, como o mar: leva e traz. De mim, vai levar sempre o amor. Pra mim, vai trazer sempre o amor, mesmo que venha acompanhado da dor.

(Em 2 de abril de 2007, a nossa chegada em Florianópolis-SC. E, em 2 de junho de 2007, a morte da minha mãe)