SÓ PRA VOCÊ

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sábado, 14 de maio de 2011

As flores e eu

Eu tinha um vasinho de porcelana chinesa muito lindo e que ficava a enfeitar o balcão da Hippie Chique, uma loja que tive de coisas místicas, roupas indianas e artesanato de feira hippie. Uma senhora que eu amo muito e que também me ama, ao ver aquele vasinho sempre vazio, passou a me trazer - depois de suas caminhadas matinais - uma florzinha brejeira que ela achava pelo caminho. Foi a forma mais carinhosa e bonita que ela encontrou de me dizer "bom dia" e de valorizar aquele vasinho. E eu recebia a mensagem com muita gratidão. Mas, algo me incomodava muito ao sentir que, por minha causa, todo dia, uma florzinha tinha o seu processo interrompido. Chegava até a imaginar que elas, bailando ao vento e se deliciando com o sol, ao perceber que aquela senhora estava se aproximando, pudessem se estremecer de medo e até pensassem: quem será de nós que vai morrer primeiro, hoje? Me dava uma peninha da escolhida! Enquanto as outras continuavam em seu habitat natural, felizes da vida, estaria aquela, naquele vasinho limitado, antecipando o fim. Foi, então, que resolvi o problema: deixei cair "sem querer" o vasinho. Ele se partiu em pedacinhos impossíveis de colar, mas deixou de ser, para sempre, o motivo da tristeza de tantas florzinhas. E, assim, tudo ficou bem, pois o "bom dia" da senhora amada continuou com o que vale mais, que é o sorriso, o beijo ou o abraço. E as flores me agradeceram por telepatia, dizendo: valeu!!!

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