SÓ PRA VOCÊ

SÓ PRA VOCÊ

sábado, 23 de abril de 2011

Contraste

DEU sorte. Caminhos se abriram. Deuses conspiraram a favor. Pessoas deram boas vindas. O destino nos reservou um pedacinho do céu, um pedacinho do mar, num pedacinho de Jurerê. As flores do nosso jardim vêm com beija-flores a bailar. As poças da chuva do nosso quintal vêm com canários a brincar. Cada cantinho da nossa casa vem com os nossos olhos a se encantar e agradecer. Tamanha é a nossa felicidade. Tamanha é a nossa vontade de fazer feliz a vida. Um gato preto passou por aqui, me olhou, miou e me aceitou.

TAL cenário foi perfeito para a experiência da morte, afiada, sofrida. O inverno chegou e as flores se foram. Os canários e os beija-flores, também. Minhas cachorras mataram o gato. A casa do Jurerê foi-se como fim de temporada, quando portas se fecham e andorinhas partem em busca de boa estação. Mas, a magia continuou. Em coração abastecido de vida não entra solidão. Tudo é lindo, é processo, é aprendizado. Tudo vai voltar e, de novo, passar. A vida é assim, como o mar: leva e traz. De mim, vai levar sempre o amor. Pra mim, vai trazer sempre o amor, mesmo que venha acompanhado da dor.

(Em 2 de abril de 2007, a nossa chegada em Florianópolis-SC. E, em 2 de junho de 2007, a morte da minha mãe)